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SALVADOR, 29 DE MARÇO DE 2024
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Lembra Dele? Baixinho Osni, de abusado em campo a sindicalista

Ídolo de Bahia e Vitória, ex-ponta já teve construtora e revendedora de veículos e hoje é presidente do Sindicato dos Jogadores da Bahia


Osni foi ídolo no Bahia e no Vitória, grandes rivais. Ele brilhou nos anos 1970 e 1980 (Foto: Agência A Tarde)

Nos tempos de rigidez e comportamento politicamente correto - Neymar, obviamente, é uma exceção -, tem sido cada vez mais difícil encontrar representantes do futebol abusado. As discussões sobre humilhação, deboche e falta de profissionalismo têm intimidado muitos dribladores. Mas quando o futebol ainda permitia tantas brincadeiras em campo, um dos seguidores do estilo era Osni. Com seu 1,56m de altura, o que o atacante tinha de baixo, tinha de ousado. Para ele, o objetivo no futebol não era apenas fazer gols. Para Osni, entrar em campo era sinônimo de se divertir e judiar dos zagueiros adversários. Tudo, sempre, com o gol como desfecho da história.
 

Partir para cima dos adversários foi a maneira encontrada por ele para levar vantagem em campo. Sem grande estrutura física – chegou a ser apelidado de Ovo de Codorna, Baixinho e Pequeno Polegar por causa da estatura –, a única saída diante dos fortes zagueiros eram os dribles rápidos e desconcertantes. Num deles, lá pelos anos 70, esperou de joelhos o adversário, já batido, se recuperar...

Um dos menores jogadores do futebol brasileiro, o ponta-direita Osni, revelado pelo Santos, foi ídolo no Vitória, no Bahia e orgulha-se de ter feito parte do time inicial da geração mais vencedora da história do Flamengo. A carreira vitoriosa rendeu até a música "Como um raio", composta pelo músico e compositor Luiz Caldas. Hoje, depois de se arriscar no comércio, agora resolveu lutar pela classe, e é hoje presidente do Sindicato Jogadores Profissionais de Futebol da Bahia.
 

Assim como a ousadia, os feitos de Osni no futebol também são inversamente proporcionais ao seu tamanho. No Vitória, jogou por cinco anos (de 1971 a 1976) e formou a melhor linha de ataque da história do clube ao lado de André Catimba e Mário Sérgio. Com o Rubro-Negro baiano, conquistou o título estadual de 72 – único do Vitória na década de 70. De quebra, foi eleito o melhor ponta do Brasil em 72 e em 74.

- Eu jogava de centroavante, mas aí, em 1972, Djalma Santos me colocou para a ponta, porque o Vitória já tinha André Catimba. Para mim, essa foi a melhor linha de frente da história do clube. De 1970 para cá, não teve nada igual. O time chegou a ter Bebeto e Túlio, mas eram dois. Na nossa época, foram três. E goleadores - afirmou Osni.

No Bahia, foram três passagens. O ex-ponta vestiu a camisa tricolor em 1978, depois em 1980 e de 1982 a 1984. Nesse período, ajudou a equipe a conquistar o heptacampeonato baiano e se tornou o quinto maior artilheiro da história do clube. Com 138 gols, está atrás somente de Carlito, Douglas, Hamilton e Uéslei.
 

No meio do sucesso entre um clube baiano e outro, Osni teve uma passagem pelo Flamengo entre 1977 e 1978. Ficou pouco mais de um ano no clube carioca, mas foi o tempo suficiente para se orgulhar e lamentar pelos acontecimentos no Rio de Janeiro.

- Cheguei lá com uma distensão. Quando me recuperei em um treino, rompi o menisco. Aí, a cirurgia foi a pior possível. Eles tiraram os meus dois meniscos. O bom e o ruim. Mas, mesmo com esse problema, fui o terceiro artilheiro do campeonato e fiz parte do início daquela geração vencedora, com Zico, Rondinelli, Cantarelli, Leandro, Júnior, Adílio e Tita, que era meu reserva - relembrou o ex-jogador.

Travessuras dentro de campo

A música composta por Luiz Caldas em homenagem ao jogador não deixou de lado nem mesmo as polêmicas protagonizadas por Osni. “Ele é o rei da brincadeira e também o professor”, canta o compositor baiano.

Atrevido dentro de campo, Osni ficou conhecido pelo estilo alegre entre os companheiros de equipe, pelos dribles ousados e por não ter medo dos mais grandalhões zagueiros. Entre as travessuras aprontadas do ex-jogador, a que mais se destaca aconteceu em um Ba-Vi durante o Campeonato Baiano de 1973. Ele voltava a jogar depois de uma cirurgia no ombro e, depois de driblar o zagueiro Romero e deixá-lo no chão, o ex-ponta surpreendeu todos ao se ajoelhar na bola e chamar o jogador do Bahia para marcá-lo.

- Eu entrei voando naquele jogo. Já Romero não estava muito bem. No final da partida, coloquei a bola entre os joelhos e fui para cima dele. Depois que ajoelhei, ele me puxou pelo cabelo e aí o couro comeu. O resultado foi todo mundo expulso, e o jogo terminou aos 38 minutos do segundo tempo – relembrou, aos risos.
 

Apesar do título conquistado pelo Vitória em 1972 e das provocações, Osni lembra que foi bem recebido pela torcida do Bahia.

- A recepção foi a melhor possível. O problema foi a antipatia que ganhei no Vitória. No Bahia não tive problema nenhum, mas ganhei inimizade no Vitória, e Paulo Carneiro (ex-presidente do clube) disse uma época que eu era uma pessoa não grata lá.

Só que a ousadia dentro de campo e o estilo de jogo muitas vezes atrapalharam Osni. Como partia para cima dos adversários a abusava dos dribles, os zagueiros não aliviavam o pé. Quando não conseguia deixar o marcador desconcertado, o ex-ponta colecionava hematomas e arranhões pelo corpo.

Além disso, a forma ousada não era bem vista, algumas vezes, pelos próprios companheiros de equipe. No Vitória, Osni chegou a ser sacado do time por acharem que estaria prendendo a bola demais.

Jogador, técnico, artilheiro e campeão

Com passagens pela Seleção Brasileira de 1977, Osni atuou também pelo Maranhão, Santa Cruz e Leônico-BA, onde encerrou a carreira em 1985. No ano anterior, vestindo a camisa do Bahia, o ponta se tornou campeão baiano como titular do Tricolor, treinador da equipe e artilheiro da competição (veja matéria ao lado).

A experiência não foi das melhores. O ex-jogador lembra que a pressão era muito maior por ter de comandar o time e de corresponder dentro de campo.

- Nosso time estava desacreditado, e consegui levar para o título, mas foi um desgaste muito grande. Imagina a responsabilidade de treinar o mesmo time em que você vai jogar? Com isso, fui criando inimizade porque, às vezes, escolhia o time que o dirigente não queria.

Apesar da conquista, Osni não quis seguir a carreira no futebol após pendurar as chuteiras. O ex-jogador diz ter ficado desapontado com os acontecimentos.

- Aqui na Bahia só tem treinador de fora. Eles ganham muito para não fazer nada. A Bahia só valoriza quem é de fora. Até mesmo na música, Gilberto Gil e Caetano tiveram de sair para fazer sucesso. O cenário só mudou com o pessoal que faz o Carnaval, do qual Luiz Caldas foi o precursor.

Dos gramados para o comércio

Desapontado com o mundo do futebol, Osni partiu para o comércio. Após encerrar a carreira, o jogador passou mais de um ano na luta com o INSS para conseguir a aposentadoria e, mesmo assim, teve de partir para outros meios para ganhar dinheiro.
 

Era a hora de arriscar a veia empresarial. Em uma das empreitadas, Osni abriu uma construtora com Romero, o mesmo zagueiro da confusão no Baiano de 73. A iniciativa, realizada entre o final da década de 80 e o início da década de 90, rendeu frutos iniciais, mas não durou muito.

- Construímos alguns prédios - que não caíram não, viu? Mas aí a Caixa Econômica Federal dificultou as coisas para a habitação e até as faculdades pararam de formar engenheiros – explicou.

Depois da construtora, Osni partiu para o ramo dos veículos. Por 20 anos, foi dono de uma revendedora de carros em Salvador. O negócio chegou ao fim este ano por conta, segundo o ex-jogador, das dificuldades criadas pelo Governo.

De fora do comércio, o ex-ponta vai dedicar todas suas atenções para o Sindicato dos Jogadores Profissionais de Futebol. Osni foi eleito presidente da entidade no início de outubro e promete lutar para que ex-jogadores como ele possam ter uma vida tranquila ao pendurar as chuteiras, torcendo para que o futebol arte não fique somente nas lembranças do que era feito no passado e nos lampejos de novas promessas, sempre repreendidas por estarem humilhando os adversários.





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Clipe de Homenagem de Marquinho Valladares ao ex-jogador OSNI LOPES

Rafael Granja

Meia

Giorigo

Goleiro

Matheus Reis

Volante Armador

Tairone

Atacante

Rodrigo Almeida

Zagueiro Central

janilson Silva

Treinador

Roberto

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